Todo ano eu
fico deprimido na época do Natal
Por mais que eu busque a alegria e envolva meus amigos em conversas frívolas
Meu coração nega minhas palavras e minha face festiva
Os olhos de hoje veem as coisas que viram os olhos de ontem
Chove, eu corro com outras crianças na lama quente do verão
De mãos dadas com alguma menina de sete ou oito anos
Nossas mãos pequeninas unidas na infância das nossas feridas
Os militares vão sair do poder?
Dizem que sim, agora a democracia vai trazer prosperidade
Onde está a menina, a lama e o Natal?
Estou sentado na sala, um brinquedo quebrado nas mãos
Um boneco, falta a cabeça e um dos braços, não tem coração
O brilho azulado da televisão anuncia o novo tempo
“Éramos crianças, eu só gosto de você como amigo”
Disse, e agora penso, ainda éramos crianças no intervalo
Da aula daquele dia no Ginásio – Ninguém diz mais assim
A gente caminha pelas ruas, tudo enfeitado para o Natal
Um calor dos infernos em dezembro, a decoração do Polo Norte
Mas é que o Papai Noel mora lá
Por mais que eu busque a alegria e envolva meus amigos em conversas frívolas
Meu coração nega minhas palavras e minha face festiva
Os olhos de hoje veem as coisas que viram os olhos de ontem
Chove, eu corro com outras crianças na lama quente do verão
De mãos dadas com alguma menina de sete ou oito anos
Nossas mãos pequeninas unidas na infância das nossas feridas
Os militares vão sair do poder?
Dizem que sim, agora a democracia vai trazer prosperidade
Onde está a menina, a lama e o Natal?
Estou sentado na sala, um brinquedo quebrado nas mãos
Um boneco, falta a cabeça e um dos braços, não tem coração
O brilho azulado da televisão anuncia o novo tempo
“Éramos crianças, eu só gosto de você como amigo”
Disse, e agora penso, ainda éramos crianças no intervalo
Da aula daquele dia no Ginásio – Ninguém diz mais assim
A gente caminha pelas ruas, tudo enfeitado para o Natal
Um calor dos infernos em dezembro, a decoração do Polo Norte
Mas é que o Papai Noel mora lá
Pensei que era
aniversário de Jesus, quantos anos ele faz?
Quase dois mil, que morreu
Na entrada do mercado nos encontramos, chovia sem lama, era frio
Ela sorriu para mim, eu sorri e meu sorriso morreu
De mãos dadas com um rapaz – Oi, se foi
Corri para pegar o ônibus, logo será Natal
Democracia que traz no vento tantas expectativas
Vou trabalhar, estudar, comprar uma moto e visitar o Atacama.
Ah, deserto, como está deserto meu coração!
Oi, sentou ao meu lado, não havia rapaz na ponta das mãos
Tudo mudou, crescemos, o tempo muda o tempo e as sombras do coração
Eu me perdi nos seus beijos, eu mergulhei nos seus olhos, eu adivinhei o seu corpo
Essa noite o Papai Noel não veio, mas teremos churrasco, não está frio
Houve um acidente, uma moça vinha de bicicleta quando um caminhão…
Uma bicicleta azul?
Foi numa tarde chuvosa de dezembro, Natal
Todos tinham fé na democracia, menos eu
É Natal, de outros tantos natais e funerais, os anos se acumulam.
Eu sempre fico triste no Natal, me dá um não sei o quê de melancolia
E deposito as flores vivas diante da lápide fria.
Quase dois mil, que morreu
Na entrada do mercado nos encontramos, chovia sem lama, era frio
Ela sorriu para mim, eu sorri e meu sorriso morreu
De mãos dadas com um rapaz – Oi, se foi
Corri para pegar o ônibus, logo será Natal
Democracia que traz no vento tantas expectativas
Vou trabalhar, estudar, comprar uma moto e visitar o Atacama.
Ah, deserto, como está deserto meu coração!
Oi, sentou ao meu lado, não havia rapaz na ponta das mãos
Tudo mudou, crescemos, o tempo muda o tempo e as sombras do coração
Eu me perdi nos seus beijos, eu mergulhei nos seus olhos, eu adivinhei o seu corpo
Essa noite o Papai Noel não veio, mas teremos churrasco, não está frio
Houve um acidente, uma moça vinha de bicicleta quando um caminhão…
Uma bicicleta azul?
Foi numa tarde chuvosa de dezembro, Natal
Todos tinham fé na democracia, menos eu
É Natal, de outros tantos natais e funerais, os anos se acumulam.
Eu sempre fico triste no Natal, me dá um não sei o quê de melancolia
E deposito as flores vivas diante da lápide fria.
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