"Não precismos de "moralismos", mas nunca foi tão urgente cultivar uma moralidade sadia"!
Ontem eu passei a tarde toda tendo uma discussão. Uma discussão "autista-esquizofrênica" comigo mesmo...
Está cada vez mais difícil, era a "discussão", conviver com outros seres humanos, a vida social está se tornando algo insuportável! Mas por quê? As razões são muitas, muitíssimas, mas, a meu ver, um dos "ingredientes" principais é a ausência de valores morais e um excessivo comportamento individualista. Quando eu era mais jovem, era comum ouvir a palavra "moralista", para alguma manifestação de um valor social, com o sentido de "hipócrita". Nossa geração, como acontece com todas as gerações, levou um passo além o questionamento das normas morais vigentes.
O GRANDE problema é que parecemos ter jogado o bebê fora e guardado a água do banho, pois essa geração, que somos nós mesmos e nossos filhos, parece não ter mais valores morais. Eu lembro que as pessoas tinham valores de família, elas prezavam pela honestidade; consideravam que a palavra dada tinha tanto ou mais valor que um documento escrito; achavam que era uma coisa vergonhosa que um de seus atos viesse a incomodar o próximo... Obviamente não eram todos assim, e nem todos faziam "a coisa" de forma clara e consciente. Nossa geração costuma dizer que tais valores são "apenas" construtos sociais. E são mesmo, mas nem por isso são ruins. Um sociedade para se manter precisa dessas normas, pois a ausência delas implica numa desorganização social que governo algum consegue substituir, seja pela força das leis, seja por um modelo político correto.
Ainda dizemos que apreciamos coisas como honestidade, empenho na palavra, honra, mas ESVAZIAMOS as ideias, os conceitos por trás dessas mesmas palavras. Nos tornamos, moralmente falando, criaturas genéricas e generalistas.Você pode ver isso prestando atenção nas manifestações que tomam nossas ruas, como elas são generalistas e confusas! Falamos em acabar com a "corrupção", mas nem ao menos consideramos o que realmente significa essa palavra. Corrupção passou a ser uma palavra que significa "alguém ganhando e eu perdendo", e nada mais.
As pessoas mais antigas podiam até não refletir tanto sobre seus valores, mas elas sabiam que eles eram bons (alguns deles) e que eram socialmente necessários. Buscamos com afinco a liberdade, mas não refletimos sobre os limites dessa liberdade e fizemos do egoísmo e da auto-afirmação valores maiores que o respeito devido ao próximo. Antigamente, um vizinho avisava o outro que faria uma festa, e até mesmo pedia permissão para isso. Hoje a pessoa faz a festa, "danem-se os vizinhos", e ainda acha que tem o direito de jogar seu lixo sonoro por cima dos muros, como se todos nós fossemos admiradores acéfalos de funk e outros gêneros "musicais" de gosto duvidoso... As pessoas dirigem como se as ruas fossem apenas delas, evitar um acidente passou a ser apenas obrigação dos outros. Se o chão está sujo, achamos que temos o direito de jogar mais papel, e nenhuma obrigação de juntar o papel que não jogamos. Se a coisa está fora dos nossos muros, a obrigação por zelar é só do governo, como se a democracia não fosse, mesmo que idealmente, o governo do povo.
Viramos exploradores do tecido social, de onde tiramos apenas "direitos", e repomos aquilo que por força nos é tirado! Não é assim que sociedades sobrevivem, precisamos de valores sociais e morais sólidos, precisamos urgentemente dar sentido às palavras, precisamos com desespero acelerado encontrar EXEMPLOS, ser exemplos, e rejeitar todo modelo que explore nossa humanidade como uma "coisa" e que faça de nós egoístas isolados na própria ilusão de que não somos uma espécie social.
Não precisamos de "moralismos", mas nunca foi tão urgente cultivar uma moralidade sadia!
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