sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sonhos e Dores

Eu sinto dolorosamente todos os meus sonhos
Os que tenho, como parasitas grudados na pele
E os que imagino, como coceira em membro amputado

Um dia encontrei na rua um antigo sacerdote mendigando
E disse-lhe longamente acerca dos meus sonhos
Ele me ouviu em silêncio, com olhos milenares
E partiu, envolto no mesmo silêncio indiferente

Eu ando pela rua buscando olhos que me vejam
E nas ruas vejo tantas faces, silenciosas faces
Adornadas com lábios que articulam sem dizer...

Houve tempo em que buscava um amigo
Mas que amigo saberia entender os sonhos
Os que tenho e aqueles insanos que imagino ter?

Imaginei que amando eu estaria saciado
E amando descobri outros tantos sonhos inquietos
Nas esquinas em que deixamos nossa razão abandonada...

Eu sinto dolorosamente todos os meus sonhos
Esses pedaços de fantasia que criei para viver
E eles cresceram, mas cresceram tanto
Que nada mais restou, exceto sonhos
E a casca vazia do que foi um Sonhador...

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