domingo, 20 de janeiro de 2013

Estrada


A estrada me chama
Quero deixar tudo e ir embora
Com a velha mochila jeans nas costas

Longe dessa gente que não me ama
Dessa louca busca por tudo
Aquilo que não faz parte dos meus sonhos

A estrada é longa, e a vida...
Ah! A vida é tão curta!

Tão curta para morrer num escritório
Cercado de papéis e sonhos frustrados
De caras de terno e bitucas de cigarro...

A estrada é meu Nirvana
Meu Ácido, meu devir.

Eu quero a companhia das árvores
Ver de longe o farol dos carros
Tomar lições de etiqueta com os pássaros...

E fugir
Antes que Kurt me alcance
Antes que uma Parabellum me cace

Antes que meu nome tão comum
Adorne uma lápide num cemitério qualquer
E me esqueçam todos os que não me conheceram
Todos esses meu companheiros...

Antes que eu murche como uma passa
Morrendo aos poucos, de tédio e de desejo
De viver.

Não quero mais estar e não ser
Falar do que não sinto
E calar, no fundo do coração,

Todas as heresias que palpitam em mim
E as heterodoxias que tornam minhas mão tremulas
E meu olhar opaco...

Eu quero a Estrada
A longa estrada que vai do Atacama
À parte mais oriental do Everest...

Nadar em águas cristalinas
Entre os tubarões das Bahamas
E andar firme sobre as águas
Pestilentas do velho rio Ganges.

A estrada é brilho fugaz
É breve cheiro da neblina
É ânsia e esperança
É desejo de nunca chegar

A estrada é a vida
E só a veem de verdade
Os que deixando para trás toda ilusão
Caminham sem medo do

Mistério silencioso que os espera
Além da ondas
Além do mar
Além do medo

E das carrancas fúnebres.

Viver é andar pela estrada

Todo o resto é morte
E ilusão....

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