Eu não lembro seu nome
E eu pensei que era parte daquele mundo
A rua da minha casa era ladeada por moitas de hortências
O que me dava sempre a impressão de estar morto
Porque era assim o cemitério onde deixamos meu tio
Naquele dia eu também morri, era meu tio e éramos amigos
Mas na rua da minha casa, numa lápide de que já não lembro o número
Havia uma garota de quem não lembro o nome
Ela morava numa estranha casa com uma aparência de farol
De vez em quando a gente pegava o ônibus juntos
Ela sempre me cumprimentava com um sorriso
Várias vezes ensaiei sentar ao seu lado
Mas não sabia o que dizer, o que ela pensaria disso
Hoje sei, ela sorria, e eu nem mesmo lembro seu nome
Será que ela gostava do meu uniforme do exército e do meu corte de cabelo?
Minha rua parecia a entrada de um cemitério
E lá havia uma lápide que não lembro o número nem que palavras de saudade ali deixaram
Aqueles que sabiam seu nome.
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