Pedi ao vento sua carícia, eu precisava dela, da carícia amiga e do terno toque
da compreensão. Sozinho. Os paredões de rocha descreviam desenhos ancestrais,
de uma época onde não havia pés para marcarem a lama...
No céu azul, límpido como se não houvesse poluição no mundo, a águia voava majestosa... Ela, símbolo dos grandes impérios da Terra. Sob meus pés descalços um tufo de capim seco tentava agarrar-se às minhas pernas. Levantei os olhos, o horizonte ia longe, em nós a imensidão do deserto, a solidão absoluta... Se existissem coisas absolutas nesse existir.
Se existe algo no mundo que remeta ao conceito de "liberdade", com certeza era ali que eu o encontraria.
Eu e o ambiente, eu parte do ambiente e as dores foram definhando, o coração aos poucos buscando o ritmo da natureza.
Quantos homens buscaram esse "ser-um" com o mundo em todo aquele ponto na linha do tempo que chamamos "história"? E eu era um deles, pulsando ao ritmo telúrico da natureza ancestral, da essência original.
É mágico, e não há nada de mágico nisso. Nada de espíritos, nem mentes, nem deuses, nem daimonoi...É místico e tão certo e comum como o simples processo da fervura, ou o da sedimentação.
No vazio, a alma, nosso "eu-que-percebe-o-mundo", encontra a massa de onde é gerada, porque o homem é nada se dissociado do mundo.
Meus cabelos elevavam-se no ar, no ar que os animava. O ar puro das montanhas penetrava meus pulmões e tornava claros os meus pensamentos. Meus braços estavam abertos, nu eu encontrava o ser no Ser. E sentia que o ser no Ser era equivalente a não-ser...
O horizonte estava rubro, o arrebol. o vento tornara-se brisa leve e fresca. Noite e sem o véu da civilização eu via as estrelas.
A estrelas de onde viemos...poeira das estrelas.
"Há metafísica demais em não pensar em nada"...
A noite cobriu-me com sua mão amiga e no seu seio eu vi e conversei com toda a linha de homens que buscaram nela o Ser.
Claro como a água cristalina dos mais concretos sonhos: a crença é erro e ilusão, a resposta reside no silêncio, no nada. Crer não altera a realidade. Borra a visão de quem observa. A atitude correta é a observação com a mente alerta. A mente alerta existe na negação das crenças impostas. Há metafísica demais em não pensar em nada.
A manhã veio e a luz lavou meu corpo. Estava nu, com a barba tocando o peito. As costelas salientes e os nós dos dedos como bolas e gude... Nu diante da vida como no primeiro dia, como na hora da separação...
É hora de voltar, de encontrar o erro e a ilusão daqueles que creem...
Os que creem... Meus irmãos, meus amigos, meus últimos filhos. A marca que deixo ao pisar a lama...
As lágrimas desciam...
Abri os olhos, tudo não levou dez minutos. Era dia, eu estava sentado na grama, crianças brincavam cães corriam, pessoas conversavam.
Eu estava vestido, barbeado e havia cruzado o portal da catarse.
Ela me perguntou se tudo estava bem, se eu estava meditando. Ri, mas ri muito. Ela não entendeu, eu respondi:
"Há metafísica demais em não pensar em nada".
Pessoa, Pessoa...terá você compreendido alguma vez o que escreveu?
No céu azul, límpido como se não houvesse poluição no mundo, a águia voava majestosa... Ela, símbolo dos grandes impérios da Terra. Sob meus pés descalços um tufo de capim seco tentava agarrar-se às minhas pernas. Levantei os olhos, o horizonte ia longe, em nós a imensidão do deserto, a solidão absoluta... Se existissem coisas absolutas nesse existir.
Se existe algo no mundo que remeta ao conceito de "liberdade", com certeza era ali que eu o encontraria.
Eu e o ambiente, eu parte do ambiente e as dores foram definhando, o coração aos poucos buscando o ritmo da natureza.
Quantos homens buscaram esse "ser-um" com o mundo em todo aquele ponto na linha do tempo que chamamos "história"? E eu era um deles, pulsando ao ritmo telúrico da natureza ancestral, da essência original.
É mágico, e não há nada de mágico nisso. Nada de espíritos, nem mentes, nem deuses, nem daimonoi...É místico e tão certo e comum como o simples processo da fervura, ou o da sedimentação.
No vazio, a alma, nosso "eu-que-percebe-o-mundo", encontra a massa de onde é gerada, porque o homem é nada se dissociado do mundo.
Meus cabelos elevavam-se no ar, no ar que os animava. O ar puro das montanhas penetrava meus pulmões e tornava claros os meus pensamentos. Meus braços estavam abertos, nu eu encontrava o ser no Ser. E sentia que o ser no Ser era equivalente a não-ser...
O horizonte estava rubro, o arrebol. o vento tornara-se brisa leve e fresca. Noite e sem o véu da civilização eu via as estrelas.
A estrelas de onde viemos...poeira das estrelas.
"Há metafísica demais em não pensar em nada"...
A noite cobriu-me com sua mão amiga e no seu seio eu vi e conversei com toda a linha de homens que buscaram nela o Ser.
Claro como a água cristalina dos mais concretos sonhos: a crença é erro e ilusão, a resposta reside no silêncio, no nada. Crer não altera a realidade. Borra a visão de quem observa. A atitude correta é a observação com a mente alerta. A mente alerta existe na negação das crenças impostas. Há metafísica demais em não pensar em nada.
A manhã veio e a luz lavou meu corpo. Estava nu, com a barba tocando o peito. As costelas salientes e os nós dos dedos como bolas e gude... Nu diante da vida como no primeiro dia, como na hora da separação...
É hora de voltar, de encontrar o erro e a ilusão daqueles que creem...
Os que creem... Meus irmãos, meus amigos, meus últimos filhos. A marca que deixo ao pisar a lama...
As lágrimas desciam...
Abri os olhos, tudo não levou dez minutos. Era dia, eu estava sentado na grama, crianças brincavam cães corriam, pessoas conversavam.
Eu estava vestido, barbeado e havia cruzado o portal da catarse.
Ela me perguntou se tudo estava bem, se eu estava meditando. Ri, mas ri muito. Ela não entendeu, eu respondi:
"Há metafísica demais em não pensar em nada".
Pessoa, Pessoa...terá você compreendido alguma vez o que escreveu?
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