quarta-feira, 24 de abril de 2024

Os olhos que me veem além do espelho

 

Os olhos que me veem além do espelho

Já não são os olhos que via em mim mesmo

Quando eu pensava que tinha vinte anos

E isso foi ontem, imagino, ou anteontem

Já não lembro, o tempo é como o espelho

Diante de outro espelho, infinito

Mas plano e frio como a imagem

Dele mesmo filtrada pela ilusão

Dos meus olhos.

Eu sou aquele jovem vislumbrando um futuro

Que não poderia ter imaginado,

Mas que conceito de futuro eu tinha?

O de quem pensa apenas em alguns minutos

No máximo amanhã, se algo interessa

O jovem vive no presente, o adulto no futuro

E o velho nas trilhas carcomidas do passado

Mas do espelho filtro uma indagação:

Quem sou, o que olha para o espelho,

Quem olha do espelho ou o fantasma entre os dois?

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