No outono as folhas caem
E dormem na terra preparando o dia de uma nova geração
Os olhos como folhas distantes
Ora em mim, ora no teto
Ora num objeto invisível ou
Numa realidade além daqui
"Eu estou morrendo"
Colhi aquilo em silêncio
Como um fruto cuja cor não me agradava
Lavado com águas que fluíam
Da fonte da minha alma
Quando as folhas amarelam, você sabe que elas logo caem
Elas já não pertencem à árvore
Mas ainda não se entregaram ao solo
"Massageia as minhas costas, sinto dor"
Como pode árvore com casca tão lisa?
É a superfície da folha
Numa noite ela gemeu
E seu talo rompeu-se
Dando à folha um minuto eterno
Ela desce, flutuando ao vendo
Como uma ave, em círculos
Suave, sem nenhum lamento
Da árvore separada da seiva da vida
No ar como um ser que cavalga o vento
E um suspiro, o último
Depois de uma noite agitada
Reguei aquela manhã com lágrimas
Quando a terra recebeu por fim
Aquela folha da qual o vigor da primavera e o calor do verão se afastaram
Fez-se inverno
E o solo a acolheu, não como folha
Mas como algo que era seu
O pó volte à terra, como era
E o Espírito a Deus
E assim você se foi, mamãe,
Para de folha finalmente se tornar
Flor e estrela no céu
A sua dor terminou
O seu fruto prospera.
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