sábado, 19 de dezembro de 2020

Eu fecho meus olhos

Eu fecho meus olhos.

Minha mente flutua numa imensidão em que nada é reconhecível

Acima e abaixo não existem

E o som morre calmo no silêncio

O nada absoluto me observa além de onde eu me observo

Uma linha tênue percorre o não-espaço. Percorre?

É preciso olhar além do que eu projeto no que vejo

Que ausência é essa que sinto? É a ausência de mim mesmo

E mais forte eu reajo quando observo ao que já não existe

O pensamento viaja nos intervalos vazios entre o nada lá fora

E o absoluto nada aqui dentro

E ainda assim esse nada dobra-se, comprime-se e na infinita viagem do eu

Ele Tudo torna-se

A breve percepção que se forma ensina

Na fragmentária insistência da realidade oculta

Num décimo de pensamento não pensado

Que o tudo e o nada se abraçam e que eles

Não são mais que algo além que só existe porque

Ousei não olhar o que tenho fé que vejo

O divino enigma se apresenta

Em distâncias que minha mente consideraria infinitas

E que nessa espiral cósmica nada mais são que dobras

Minusculas numa trama sempre criada

Que numa mente finita resultaria em loucura

Ou num desespero que todos os seres apenas intuem que

Está lá como suspeita, como um teste à nossa razão

É morte e vida, fim e início

É destino e caos, violência e amor

Todas as linhas traçadas são pontos nessa roda imensa

E tão pequena que se esconde nas linhas que formam um fio de cabelo

A imensidão se esconde no mais ínfimo grão de poeira

E o universo é pequeno para contê-lo

Tal loucura é demais até para mim

E a grandeza da ideia enche meus olhos de lágrimas

Aí está a arma que vence o medo

A aceitação que desvela a ignorância e nos faz

Aceitar o ser que somos numa realidade que

Apenas está lá

Além desses olhos que nada veem, mas que tudo projetam

Iludidos por ideias que crio para vencer a loucura de um mundo

Que resiste a ser decifrado

E eu não preciso mais abrir olhos que estão para sempre abertos...



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