Eu fecho meus olhos.
Minha mente flutua numa imensidão em que nada é reconhecível
Acima e abaixo não existem
E o som morre calmo no silêncio
O nada absoluto me observa além de onde eu me observo
Uma linha tênue percorre o não-espaço. Percorre?
É preciso olhar além do que eu projeto no que vejo
Que ausência é essa que sinto? É a ausência de mim mesmo
E mais forte eu reajo quando observo ao que já não existe
O pensamento viaja nos intervalos vazios entre o nada lá fora
E o absoluto nada aqui dentro
E ainda assim esse nada dobra-se, comprime-se e na infinita viagem do eu
Ele Tudo torna-se
A breve percepção que se forma ensina
Na fragmentária insistência da realidade oculta
Num décimo de pensamento não pensado
Que o tudo e o nada se abraçam e que eles
Não são mais que algo além que só existe porque
Ousei não olhar o que tenho fé que vejo
O divino enigma se apresenta
Em distâncias que minha mente consideraria infinitas
E que nessa espiral cósmica nada mais são que dobras
Minusculas numa trama sempre criada
Que numa mente finita resultaria em loucura
Ou num desespero que todos os seres apenas intuem que
Está lá como suspeita, como um teste à nossa razão
É morte e vida, fim e início
É destino e caos, violência e amor
Todas as linhas traçadas são pontos nessa roda imensa
E tão pequena que se esconde nas linhas que formam um fio de cabelo
A imensidão se esconde no mais ínfimo grão de poeira
E o universo é pequeno para contê-lo
Tal loucura é demais até para mim
E a grandeza da ideia enche meus olhos de lágrimas
Aí está a arma que vence o medo
A aceitação que desvela a ignorância e nos faz
Aceitar o ser que somos numa realidade que
Apenas está lá
Além desses olhos que nada veem, mas que tudo projetam
Iludidos por ideias que crio para vencer a loucura de um mundo
Que resiste a ser decifrado
E eu não preciso mais abrir olhos que estão para sempre abertos...
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