segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A Sombra do Tempo

         I- A Sombra que Passa

A sombra do tempo abraça as coisas e as pessoas
E os dias passam tão rápidos e tão ausentes
Que a gente por um pouco esquece
Que num dia desses qualquer a sombra
Passará por nós e seremos apenas a lembrança
Ou talvez nem isso, daquilo que um dia fomos.

         II- Um Espelho Sujo

A visão pouco alcança e o que percebe
É a imagem refletida daquilo que o homem deseja
Projetamos no mundo nosso coração
E por força queremos que o de fora seja
A exata representação do que vai dentro.

         III- Poder é Poder por se Chamar Assim

Um homem é grande enquanto for grande o seu poder
Mas o poder inexiste, é a palavra que parimos por fórceps
Para a servidão brutal e contra tudo o que é natural
Imposta de um homem sobre outro pelas ilusórias
Amarras que prendem o coração e a mente.

       IV- De Palavras Vazias se Fez o Castelo

Um enganador dará tudo por seu prestígio
Enquanto dele depender sua fama e posição
Encarnará a pureza de todos os belos ideais
Que para ele não passam de palavras vazias
Boas apenas enquanto forem úteis
Mas lixo se dele exigirem mais que o embuste.

      V- Na Poeira Dormem todos os Grandes

Mas a Sombra do tempo passará
E o nome lamberá a poeira abraçado com a fama
Onde dele lembrarão apenas os feridos pela sua infâmia
E a dor afligida que passava por bondade
Será na boca do tempo a verdade escarrada
Sobre a face do que foi pouco na vida
E na morte menos que nada.


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