Pensar demais nos deixa tristes
Não é como quando corríamos pela savana
Atrás de comida ou evitando sermos predados
No passado simples, cada segundo tinha valor
E viver era o prêmio do dia, sem excedentes
Sem a busca frenética por um prêmio
Que não vem, não enche, não vale o que se diz
E à noite, na brisa fresca, nos deitávamos no campo
A olhar a imensidão do céu cheio de estrelas
Achando que nelas havia seres como nós
Fazendo fogueiras para aquecer a noite fria
Com os corpos sobre a relva, entrelaçados
No doce fruto do outro, no corpo
Esvaindo por um momento qualquer medo
Ou fugaz pensamento sobre a vida
Quando viver não exigia ser estoico
E ninguém pensava em terminar
O que já era curto e incerto
Pensar demais nos deixa tristes
Andamos à cata do abstrato tornado substância
Na nossa mente, nos nossos sonhos
Somos muitos sobre pouco, e nada para o amanhã
Sem estrelas a nos entreter, ou o encontro
À luz da fogueira, como os irmãos das estrelas
Na busca de todo sentido, perdemos
O único sentido que reina.
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