Quando era jovem
Eu vivia da revolta da minha própria ilusão
O mundo era pequeno e eu grande
A ponto de consumir o bom senso
No altar da ignorância
O mundo era pequeno e eu grande
A ponto de consumir o bom senso
No altar da ignorância
E ignorante da minha insignificância
Eu prossegui insignificante
E agressivo tentando pôr no mundo
Uma visão que lá não cabia
Nem cá tinha alguma substância
Então fui atingido pelo chicote
Que vergasta as costas de quem vive
Na miséria
E humilhado caí aos pés de um ídolo
Que eu julgava grande
Mas era ainda, como eu, insignificante
E o erro ainda era algo mais
Que o que eu tinha antes
E munido de algum método
Acreditei que um objetivo melhor
Agora guiava meu destino
Que o que eu tinha antes
E munido de algum método
Acreditei que um objetivo melhor
Agora guiava meu destino
Mas o chicote que o destino me legara
Nas minhas carnes vergastava inclemente
Dando-me ainda daquele antigo furor
Um pouco de audácia defensiva
E um tanto de imprudência
Inconsequente
Dando passos que minha classe e nascimento,
Eu bastardo e miserável esquecido,
Não permitiam a quem um selo não fora
Colado
Fui duas vezes ainda mais castigado
E estive novamente de cara
Com uma miséria mais abjeta
Agora por nova doença da minha alma
Se antes ignorante da minha ignorância
Agora sujeito consciente, mas ainda
Ingênuo sobre as coisas do mundo
E o interesse das pessoas
Antes miserável no ser e na aparência
Agora por não estar mais
Onde os olhos diziam que eu deveria estar
Não entre sábios respeitados
Mas na sarjeta
Colhendo larvas de insetos
E comendo do que cai
Da mesa dos mestres.
Ando como os cães que já não
Querem o afago de qualquer transeunte
Arredios, cheios de feridas
No corpo e na mente
Volto ao antigo instinto
E amargo vou
Deixando pelo caminho
O pouco de sonho que ainda tinha
Na juventude.
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