Um dia,
esperei por um dia,
E o dia veio
sem que eu percebesse
E não haveria
como perceber
Pois trouxe o
que eu não esperava
Acordar não é
estar satisfeito
Acordar é
saber-se insatisfeito
Com todas as
mentiras e belos vetos
Que nossos
sábios antepassados nos legaram
Na curva do
rio existe uma árvore
Que floresce
e frutifica quando vem o Dia
Mas seus
frutos são amargos
E causam mais
dor que satisfação
Sob esta
árvore dorme uma antiga mensagem
Que
desconcerta o mais otimista dos homens
Pois diz que
é melhor estar acordado
E com o
ventre amargo
Do que dormir
embalado em falsidades
O realista
passa e não se perturba
"Eu já
sabia" e continua seu caminho
Muitos
sonhadores se lançam ao leito do rio
Fazendo da
curva um vasto cemitério
Não suportam
a dor da verdade
Nem perder
num golpe todas as suas belas certezas
É duro saber
que não entende e ver o mundo
Insurgir-se
contra os velhos delitos teleológicos.
Nas folhas da
árvore busquei o sentido
E colhi delas
a incerteza nas palavras
"Não há
propósito"
Então o dia
me trouxe o que não busquei
E pela
primeira vez percebi
O vasto e
maravilhoso Universo que se
Manifestava
na vibração telúrica
Das belas
planícies da Terra
Defraudadas
diante da rústica imaginação humana.
Observei e
sorri e sorrindo
Comecei a
viver.
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