segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Sobre a cabeça pairava

 Sobre a cabeça pairava

Tanto a intátil substância 

Que de ser os pensamentos 

Paravam e o sentir

Como gado no pântano 

Sob a lama debalde

Se agitavam


No devir da sombra eterna

Calculei o fim dos meus passos 

E o ar, como pedra no peito,

Quedou-se no seu ato infausto


O passado abraçou o futuro

E diante da lápide 

Ambos choraram

Ao nome um dia eterno

Agora esquecido

Do que fora o que

Jamais deveria ter sido


Mas sob a fina chuva que caía

O frio desempenou as engrenagens

E o pensar que ora morria

Expandiu-se em grave rebeldia

A lápide de novo batia

E o chorume percorreu firme as veias

Dando às faces pálidas nova cor

Que do sorvedouro 

Resgatou seus bois

E o campo de novo sorria

Ao ocaso do ocaso desse 

Morto dia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário