domingo, 24 de setembro de 2017

Um Abismo Chama Outro Abismo


Uma manhã fria, e um dia à sombra de uma frondosa árvore sob um sol quente
A gente vai sonhando, e sendo longe tão próximos
Um abismo chama outro abismo
E nossos pensamentos atravessam esse espaço
Que nos separa e nos une, sob o signo da tragédia do mundo
Sob o signo da tragédia que não é tragédia, que não merece lágrimas
Só essa aspiração e esse cismar, esse sonhar acordados
Com realidades além do nosso alcance.

Dizem os mais loucos que nós que a realidade existe
Numa infinita sucessão de possibilidades estatísticas
Aqui somos amigos distantes, ali inimigos de sangue
Lá ardorosos amantes, e noutro lugar nem nos conhecemos
Num deles sou seu pai, noutro você me gera em seu ventre
Em muitos vivemos tragédias terríveis e em tantos outros
Alegrias e gozos sem fim.

E tudo isso ao mesmo tempo, no agora, no sempre
E ainda dizem outros, infinitamente mais loucos que aqueles
Que flutuamos em cada uma dessas realidades
Com nossos corações e mentes, com nossas sensações e sonhos
Quando divagamos não são só pensamentos soltos
Não são só erros e delírios, são coisas que estão acontecendo
Coisas irremediáveis e irreversíveis, pois pensando, sonhando
Desnudamos as coisas, afastamos o véu
E deixamos fluir num mundo que é só outro entre tantos possíveis
Um pouco do que somos na imensa comunidades de seres
Que é cada um de nós...

Um abismo chama outro abismo. 

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