domingo, 27 de dezembro de 2015

Os Nossos Modelos

Aprendemos a supervalorizar o que é ruim! 
Damos publicidade demais para os maus exemplos. Adoramos publicar os desvios políticos, os atos criminosos, a violência desenfreada em nossas linhas do tempo! Em nossas TVs abundam programas sobre morte, roubo, genocídio...Como se o mal fosse absoluto e não houvesse nada de bom além da soleira da nossa porta!
Na verdade sentimos um prazer mórbido quando um político é pego num ato de corrupção, é nossa alegria vê-lo preso...Mas deveríamos sentir tristeza com isso, não alegria. Nada desculpa aquele corrupto, mas ele ainda é produto da sociedade que o cerca. Você não é culpado dos atos individuais dele, mas socialmente você é responsável! A queda dele é a prova da incompetência, até aqui, da nossa sociedade, embora seja também o caminho por onde podemos chegar a ser uma nação saudável.
É verdade que acalentar uma visão cor-de-rosa da vida não é sadio, excessiva ingenuidade leva ao erro tanto quanto o seu oposto.
Sim, temos que dar alguma publicidade aos atos de justiça, aos feitos errados, não para, por meio deles, dar uma visão horrenda do mundo, mas para que o bem, por meio deles, surja por contraste.
Dar excessiva publicidade ao mal tem como efeito criar ainda mais mal! Se o mal apenas ocupa nossas discussões, o mal somente é o modelo e parâmetro...Eu sei que você é um ser completo e maduro, mas ao seu redor estão pessoas que numa encruzilhada moral terão apenas um modelo, e será o modelo ruim.
Eu arrisco uma hipótese psicológica. Somos seres que atuam por imitação. Não é a razão que nos guia o tempo todo, mas aquilo que está impresso no fundo da nossa mente. Nosso "eu profundo" prefere os comportamentos mais competitivos, os que tragam vantagens. No jogo da imitação é melhor imitar quem vence. E se tudo ao redor diz que o mal vence, tendemos, inconscientemente, a reproduzir o comportamento mau. Entre o inconsciente instintivo e consciente está a razão "moralizada". Se a força moral for mais forte que o impulso interno, a pessoa resiste e nega o "mau exemplo". Se, porém, for "superficial demais", a pessoa acabará por reproduzir, talvez não do mesmo modo e com a mesma intensidade, o comportamento que critica.
Sistemas religiosos ou filosóficos antigos sempre ensinaram a olhar o justo e imitá-lo e rejeitar o mal. Isso porque os sábios entendiam que agimos por imitação e atos são pedagogia mais forte que palavras.
Nossa sociedade vai no sentido inverso, preferindo o mau exemplo. Ela diz "olhe isso e não faça", um critério negativo. Os antigos diziam, ignore isto, mas veja aquilo e reproduza. Eles entendiam que é assim que nossa "alma" funciona, com padrões positivos.
A intenção de quem publica essas coisas não é nos tornar maus, mas explorar e capitalizar nossa curiosidade pelo grotesco.
Cabe a nós, em nome da nossa saúde mental, e da saúde da nossa sociedade, explorar os bons exemplos.
Pois o que somos e o que seremos depende muito dos modelos que escolhemos!

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