quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Transcendência

A madrugada se foi, o sol está aí novamente
É um dia novo e no entanto é o mesmo dia
Pois eu atravesso os dias vivendo um só momento
Como se fosse uma encruzilhada atemporal
Como se pode sonhar quando já perdemos esse dom?
Quando nossos sonhos são coisas fantásticas
Opostas ao velho cotidiano da poeira e do vento?

Mas sonho, dias e dias a fio sonhando
Com coisas impossíveis, com imagens vagas e mistérios
Com gente que não conheço em lugares inexistentes

Sonho em mudar o mundo e mudando-o mudar a mim também
Para ser um pouco menos verme, um pouco menos poeira
E ainda olhar no belo espelho da vida
Sentindo que vivi e fui mais que a poeira sob meus pés
E o verme que corrói minhas entranhas!

Engana-se quem pensa que sonho com bens
Casas grandes com carros enormes na garagem
Ou ser aclamado nas grandes festas como um
Grande homem dessa ilusória sociedade

O caso é que não sei sonhar com essas pequenas misérias
Todos os meus sonhos são revolucionários
Em nenhum deles eu tenho mais que a roupa do corpo
E ainda assim sou a esperança de muitos
Que como eu rastejam na poeira da mera existência
Por que não suporto apenas existir
Não agüento a cantilena do ir e vir biológico apenas

Uma idéia me perturba
Ela diz que não ter nada é absolutamente mais
Do que ter tudo!

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