Tardes...

E por que deixei as tardes esvaírem-se pelas linhas tortas dos meus pensamentos? Foi o agitado farfalhar das asas? Das asas das rosas, margaridas e girassóis.

Foi a tentação lançada em dardos flamejantes pelas mãos de diáspora dos solícitos pirilampos. Quando ainda a noite espreitava por trás das copas exíguas que agitavam nos olhos ferinos as línguas serpentinas de duas ou três madrugadas melindrosas.

Nesse tempo todos os prostíbulos andavam sem portas, exibindo novos pecados e antigos chamados. A lua estava lá, despida da sua certeza, mas linda como a seiva exalada pelas ninfas nas tardes ensolaradas!

E o sol agitado comerciava alucinógenos em tristes baseados que se entregavam à cópula da meia taça envenenada. Sorriam cruzes engessadas pelos crimes da esposa esquecida. Aquela cujos dentes sempre brancos imitavam o cair febril da neve em junho e da chuva em dezembro, como se os reis da Terra ainda se preocupassem com as vagens dissecadas num ou me noutro laboratório clandestino.

Sim, a tarde demanda silêncio, a tarde me leva e me deixa, ela escapa risonha pelas frestas dos meus dedos...