Alethe cruzou o sabre negro sobre o
colo nu. O sangue escorreu, o sangue do inimigo. Lançou a cabeça monstruosa
para o abismo negro sob seus pés.
Os olhos negros de Alethe fitaram o céu nublado. Daqueles olhos sombrios todos os deuses se ocultaram. Apenas Afrodite, oculta, admirava deslumbrada aquela guerreira vestida em couro negro e bronze trabalhado pelas mãos sujas de Hefesto.
O vento agitava os cabelos negros da
alexandrina guerreira, enquanto ela lavava o sangue ressecado nas fontes de
Atena. A filha de Ártemis despiu a parte superior da armadura. Os olhos azuis
de Afrodite cintilaram com um desejo devastador. À visão do corpo forte, porém
sensual, ágil como um gamo e firme como as patas de Cérberus, a deusa
desfaleceu...
A água fresca tocou a pele bronzeada
fazendo seus pelos negros eriçarem. Afrodite se agitava num calor irrefreável.
Alethe despiu o restante da armadura. Era bela como a sombra do Olimpo
incidindo sobre o bosque dos faunos. As coxas fortes convidavam a um abraço...
Afrodite lembrou a multidão de amantes
que tivera, de Hades, Heracles e Aquiles...
A deusa despiu a túnica leve e desceu
as rochas nuas como ela...Os olhos negros de Alethe encontraram os olhos azuis
de Afrodite. A noite encontrou o dia...
A deusa levou a mão suave ao busto
firme da guerreira. Alethe sentiu o hálito suave de mil gerações consumidas no
ardor de Eros...
Um beijo e o sangue eterno espirrando
sobre o busto guerreiro. O corpo decapitado flutuou lentamente pelo espaço
enquanto a bela cabeça era lançada sem o menor respeito para o abismo.
Alethe, a verdade, a matadora de
deuses, não poderia ser seduzida...
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