domingo, 25 de novembro de 2012

Um conto do Olimpo




Alethe cruzou o sabre negro sobre o colo nu. O sangue escorreu, o sangue do inimigo. Lançou a cabeça monstruosa para o abismo negro sob seus pés. 

Os olhos negros de Alethe fitaram o céu nublado. Daqueles olhos sombrios todos os deuses se ocultaram. Apenas Afrodite, oculta, admirava deslumbrada aquela guerreira vestida em couro negro e bronze trabalhado pelas mãos sujas de Hefesto.

O vento agitava os cabelos negros da alexandrina guerreira, enquanto ela lavava o sangue ressecado nas fontes de Atena. A filha de Ártemis despiu a parte superior da armadura. Os olhos azuis de Afrodite cintilaram com um desejo devastador. À visão do corpo forte, porém sensual, ágil como um gamo e firme como as patas de Cérberus, a deusa desfaleceu...

A água fresca tocou a pele bronzeada fazendo seus pelos negros eriçarem. Afrodite se agitava num calor irrefreável. Alethe despiu o restante da armadura. Era bela como a sombra do Olimpo incidindo sobre o bosque dos faunos. As coxas fortes convidavam a um abraço...

Afrodite lembrou a multidão de amantes que tivera, de Hades, Heracles e Aquiles...

A deusa despiu a túnica leve e desceu as rochas nuas como ela...Os olhos negros de Alethe encontraram os olhos azuis de Afrodite. A noite encontrou o dia...

A deusa levou a mão suave ao busto firme da guerreira. Alethe sentiu o hálito suave de mil gerações consumidas no ardor de Eros...

Um beijo e o sangue eterno espirrando sobre o busto guerreiro. O corpo decapitado flutuou lentamente pelo espaço enquanto a bela cabeça era lançada sem o menor respeito para o abismo.

Alethe, a verdade, a matadora de deuses, não poderia ser seduzida...

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