quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Canção da VIDA




Deixei hoje o velho portão da minha casa
E saí pelas ruas sorrindo para alguns velhos amigos
Perdidos há anos nas esquinas, nas ruas...


Em cada metro do caminho palmilhado
Havia uma imensidão de imagens
De lembranças tão antigas como o Mundo
De velhos amores, de saídas, de chegadas
De velórios alegres e casamentos tristes
De crianças presas ao envelhecer dos adultos
E adultos sonhando com as brincadeiras de criança

Na praça do bairro sujei os pés na areia 
E limpei na mesma grama onde deitei
Olhei de novo aquele céu...aquele céu tão lindo
E contei nas nuvens tantos carneirinhos.


Um cãozinho veio lamber meu rosto
E deitou-se ao meu lado alheio ao espetáculo
Pipas, nuvens insetos e pássaros...

O banco da praça não estava vazio
Nele uma velha senhora fitava a rua
Como a esperar um amor que nunca veio
Suspirando com memórias da juventude
E sonhos guardados a sete chaves.

E me deixei levar por aqueles sonhos imaginados
Por todas as belas noites abraçados
Pela lua emoldurada pelo telhado
E o canto simples das aves apaixonadas...

A noite veio e me encontrou ainda sonhando
A velhinha se fora e o cãozinho também
Mas as estrelas vieram me fazer companhia
Cantando uma canção tão bela que parei de sonhar
E pus-me a ouvir e ver a canção flutuando pelo ar...

Ainda estou lá, perdido e achado em memórias sem fim
Umas reais, outras inventadas no momento
Não quero mais a caverna escura que deixei
Nem o velho portão que por anos
Me separou da VIDA.

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