quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Breve arqueologia das hierarquias.


A plena igualdade humana é um mito.

Frase polemica por parecer sustentar os sistemas de desigualdade humana.

A busca pela igualdade é um dos "santos graals" modernos. Há toda uma complexa rede de entendimentos e ações envolvida nesse tema. O entendimento moderno é de que todos somos iguais em nossa dignidade humana e nas consequências que derivam dessa ideia. 

Entretanto nossa sociedade é completamente hierarquizada. Hierarquia pressupõe diferenciação, não na natureza, mas na "nobreza".

Não é sugestivo o fato de que alguns animais sociais também tenham suas hierarquias? As hierarquias animais, penso em lobos e grandes primatas, são baseadas na força, como alguns grupos humanos devem ter sido no passado. 

Hierarquização bem simples, um macho dominante, fêmeas e membros masculinos subalternos.

Em algum momento a estrutura recebeu mais uma camada, estou falando de humanos, e essa foi a dos membros da "sabedoria". 

Essa nova camada foi aberta e ocupada pelos primeiros homens que convenceram seus iguais que eram mediadores das forças divinas e detentores de conhecimentos únicos. Toda a história antiga do conhecimento se constrói sob a sombra dessa árvore chamada "religião". 

O sábio, o esperto, agora ocupa um posição que independe da força e que, inclusive, tem os meios de se sobrepor a ela.

A própria palavra "hierarquia" deriva das palavras "sagrado" e "governo" em grego. Portanto ela só surge de fato com a ascensão do poder religioso. Não com o pensamento religioso, mas com a organização desse pensamento num sistema gerido por um clero, por uma ordem sacerdotal.

A era moderna separou os sábios dos santos. Ou os sábios despiram a túnica sacerdotal e acrescentaram mais camadas ao tecido hierárquico social.

Cada nível hierárquico é regido por direitos e deveres negados às classes inferiores.

A estrutura moderna mantêm as estruturas institucionais, verdadeiros fósseis do modelo original, mas é hierarquizada num nível mais básico numa superestrutura cujos liames são fibras de relação política. 

O Poder domina sem que o seu detentor seja, ele mesmo, o detentor da força física. Essa força é comprada daqueles que não tem as relações necessárias para ter o poder.

De fato a estrutura parece ser mais complexa, mas a sua essência é a mesma dos nossos ancestrais. 

O que me leva à conclusão básica de que o homem, por mais civilizado que seja, é ainda um ser instintivo que obedece modelos de estruturação social que remetem aos primórdios da sociedade humana.

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