sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Meu avô... Elogio na Elegia.



Parei, ansioso, frente à porta daquele hospital
Pensando em todos os momentos que não tive com ele
Meu avô João que logo nos deixaria...

Na maca me olhava ainda tão carinhoso
Beijei-lhe a face viva uma última vez, eu não sabia...
E falamos, mas eu não ouvia, só via o homem que ele era
Em sua simplicidade.

E agora se foi
Ainda ontem entregamos ao solo seu quinhão
Para que os elementos continuem sua viagem eterna
Regamos aquela semente com nossas lágrimas
Entre dores de uma saudade que nunca será saciada

Dele éramos agora uma multidão
Dele todos procedemos, brancos, mulatos e negros
De cabelos louros e encarapinhados, ulótricos...

Nos seus filhos um homem não morre
A sua semente é a sua imortalidade.
E a sua memória o persegue até o esquecimento
Quando um homem, como ele, foi justo, honesto e trabalhador
Quando entregue à dissolução não há choro de vergonha
Nem dor e desilusão filhas da frustração...

Meu avô foi um HOMEM, 
Um grande homem na sua pequenez e simplicidade
Na amável luz que emitiam aqueles olhos ilustrados
Pelas ruas, pelo pó, pelo sofrimento
Daqueles que de sol a sol golpeiam a terra improdutiva

Daqueles que acalentam no seio uma dezena de filhos
E filhos dos filhos dos filhos...

Veio ser plantado em Curitiba, deixando sua amada Minas
Para estar junto à prole
E morreu aqui, sendo sepultado longe do torrão natal...

Como é triste um homem ser coberto de uma terra que não é sua...

Mas no que ele foi deixou-nos um legado
De vida, um exemplo firme...
Uma honorável exceção num mundo de ominosos acalentadores
De pequenos valores.

A terra recebe o que é seu e o vento em suas voltas leva um nome
Cuja imagem aos poucos se desvanece do mundo quando
Aqueles que o amam seguirem no tempo seu destino de todos nós...

João Gonçalves de Oliveira, um homem, um pai
De muitos filhos, avô de tantos outros

Alguém que deixou esta vida
E além da saudade
Legou um nome...um orgulho!

Às futuras gerações que aguardam nas quinas do Futuro!

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