quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Eu queria na solidão me achar

Então eu senti uma grande vontade de me perder nos campos;
Solitário como um jaguar sob a lua cheia.

Porque...

Eu cansei de todos aqueles sorrisos em faces cujos olhos dizem o contrário...
De todas as palavras vazias e ideologias fastfood...
De todos que querem ser mais do que apenas seres humanos.

Cansei de toda a hipocrisia, das máscaras que sou obrigado a usar

Para viver entre os lobos nas caçadas noturnas.

Eu queria não ter que me desculpar por não acreditar nas coisas
De ter que suprimir o que sou em favor dessa personagem 
Que criaram para mim...
Nesse teatro da vida onde todos são atores e platéia...

Eu queria que o sol me deixasse mudar a cada passo...
Que eu não precisasse ter sempre um opinião forte sobre
Todo o esse lixo que eu não entendo e não respeito...

Eu queria licença para ser fraco e ter medo e ficar entusiasmado
Com as pedras, a luz, o ar e os insetos...
Eu ainda sou muito jovem p'ra ser velho

Eu queria não ter que pensar num futuro (eu realmente não penso)
Em que essa vidinha de coisas grandes que são pequenas
Fosse um alvo a ser perseguido com meu sangue sujo da minha origem...

Tentando mês a mês trocar o meu carro, aumentar minha casa
Conseguir um emprego melhor e perder
Nas andanças dessa vida cada bela nuance de cor e significado
E o ar doce do oceano passando amistoso tocando minha face...

Eu queria viver todas a minhas aventuras infantis sem ter que ser esse bronco 
Selvagem brutal idiotizado pelo bibelô das conquistas fúteis...

Disso são provas todas as lápides de todos os cemitérios...
Não quero mais chocar as pessoas com minha visão pessimista das coisas
Mas quero poder acalentar essa arrogância de pensar que entendo as coisas
Mesmo sabendo que não as entendo...

Não quero ser mais um sistema orgânico de busca...
Quero o direito de estar errado e quero, ainda mais...
A permissão de estar sozinho.

Eu queria que me deixassem ser gordo e magro feio e belo
E esquisito na minha elemental indiferença

Eu queria não ser comparado a tudo o que eu não desejo nem gosto.
Queria que deixassem de me dizer que se eu estivesse em tal e tal lugar
Eu agiria como todos aqueles imbecis que desprezo 
No mais íntimo da minha alma irrequieta.

Eu queria o direito de estar calado, de gostar de escrever poemas sombrios
E de achar que sou algum tipo excêntrico de profeta pregando aos pássaros..

E gostaria que parassem de procurar pistas dos meus sentimentos nos meus escritos...

Pois a letra é morta esvaziada de seu espírito....

Essa noite eu vou me deixar levar pelo vento através das estradas e dos campos...
Eu quero a companhia das rochas e a simples instrução dos espinhos
Os sussurros do vento nas árvores e a acolhida das sombras
Em meu caminho.

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