quinta-feira, 28 de junho de 2012

Numa noite dessas uma leve brisa entrou pela janela



Numa noite dessas uma leve brisa entrou pela janela.
Era primavera e os pombos arrulhavam no telhado
Enquanto uma orquestra de insetos enchia
A noite no bosque de vida e alegria...

Mas era noite e o sono não vinha
Expulso da cama por febre e mal estar.

No criado mudo um porta-retratos e um envelope
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA...
Um réstia de luz qualquer emergia da porta semi-aberta,
Iluminando parcialmente os brinquedos sobre a estante

A estrada tão curta cujo fim avistava...

Mamãe...

Sentada na beira da cama
Olhos vermelhos e duas trilhas de lágrimas

Quando eu crescer quero ser astronauta
Olha como estão belas as estrelas hoje!

E as mãos macias sobre as faces consolavam
Mas não achava consolo o coração
Sabia que não haveria futuro... nem amanhã.

A brisa rolou pelo quanto
Enquanto os olhinhos iam se fechando...
Sua vista alcançava o infinito
E num instante viu e viveu toda uma vida longa e plena...

E num suspiro deixou lentamente a cama, a mãe e o quarto...

Saiu pela janela, na brisa, rumo às estrelas.


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