quarta-feira, 4 de julho de 2012

Na Montanha

Na Montanha.

...e cheguei ao topo, olhando longe toda a paisagem 
Que se descortinava diante de mim.
Estava sozinho nas penhas nuas.

Um ventinho, também solitário, soprava do Norte
Dizendo coisas estranhas num idioma há muito esquecido

No fundo do vale um rio trilhava sinuoso um caminho perfeito
Cercado de relva macia e convidativa
Sempre pronta a receber os viajantes cansados...

Nem casas nem homens eu via...
E não esperava vê-los nunca mais

Se a eternidade fosse aquilo que eu experimentava
Gostaria de me abraçar com ela e juntos
Ficarmos a noite toda olhando a paisagem
E contando histórias perdidas na memória das Idades.

Eu a chamaria de minha irmã e ela me diria
Como foram seus dias de viagem desde que
A Lua e as Estrelas eram apenas crianças
Correndo nuas pelas margens do Rio lá embaixo...

Então riríamos muito das galhofas inventadas por um animalzinho
Que ali chegara tentando parecer algo importante,
E o veríamos velho e tristonho olhando a paisagem desolada que deixara
Como herança aos elementos incultos que dele restaram.

E não haveria, pelo menos naquele momento, alegria em nossas faces
Contemplando um desperdício tão grande feito pela Natureza,
Aquela Deusa de olhar distante e coração duro,
Ao deixar no mundo um rebento tão...destrutivo.

Então grandes lágrimas rolariam dos meus olhos alimentando aquele Rio
Com as dores incuradas de uma criatura jovem
Carregada de tolices e ignorância... o homem.

E nos olhos da minha companheira eu veria a triste verdade
da minha origem e do fim que me esperava...

Mas as negras sombras que me tomaram a alma logo seriam diluídas
Pela verdade daqueles olhos sem data
Pois mesmo sendo ignorante e inculto
Ainda sou o grito dos elementos buscando
Na Vida o gosto táctil da experiência...

E logo eu estava sozinho,
sentado, com o olhar vidrado
Nas estrelas que morriam e nasciam...
SEMPRE.

4 de Julho de 2012, numa ensolarada manhã.

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