domingo, 17 de maio de 2020

Apenas Palavras

São apenas palavras...
E eu queria acreditar, não suportava mais meus dias vazios
Mas não me prepararam para entender que palavras nem sempre refletem o que sente o coração
Entreguei meus sentimentos, recebi o silêncio quando as palavras se foram com o vento
E ainda, sob o manto de poeira que se levantara, eu acreditei
Na memórias das palavras que se tinham ido
Para onde?
Sob uma árvore morta eu sentei, a face coberta pelas mãos, e o coração cercado por um abismo
E ali, tentando esquecer as palavras, eu as revivi.
Cada sílaba ressoando no fundo dos meus pensamentos
Um verbo me pondo em movimento, amparado nas asas de um advérbio, sentado sobre bancos de substantivos
Alentado por adjetivos, conjunções e interjeições.
Quando parei, um artigo a tudo reiniciou, às vezes ajudado por uma conjunção, tendo nos olhos vários numerais, guiado para algum lugar por uma conjunção.
Mas são só palavras, palavras sem classe, tristes, perdidas, embriagadas, fedendo fumaça de um fumo barato, regadas pela pior cachaça...
Nas esquinas, vendendo-se por uns trocados...
São só palavras
Levantei e ainda podia senti-las fazendo das suas pela minha cabeça.
Seduzindo-me sei lá com que promessas vazias...
Dei dois passos, elas me desceram pela garganta, mais dois passos e faziam doer meus intestinos
Foi quando deixei-as para sempre
Ali nasceu uma planta, que se tornou outra árvore e morreu
Quando uma garota, perdida em outras tantas palavras, por ali sentou
E sofreu com as mentiras que eu lhe contara
Com aquelas armas terríveis, aquele veneno que
No pior e no melhor dos momentos...
São só palavras.

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