domingo, 27 de janeiro de 2019

Nossa Pátria é a Humanidade

É indiscutível que o ser humano teve uma origem comum e que depois se espalhou pelo mundo, adaptando-se a cada local em que habitava. Nessa longa jornada os seres humanos uniram-se em tribos, dividiram-se em línguas, criaram cultura e formaram nações.
Suas características morfológicas se adaptaram às necessidades ambientais. A pele, em regiões mais frias e com menor incidência de luz, assumiu tonalidades mais claras, em muitas variações. Cabelos também mudaram.
Nessa longa jornada adotamos uma de nossas ilusões mais persistentes, a da desigualdade. Havíamos esquecido nossa origem comum, e mesmo quando admitíamos isso, ainda tentávamos, como tentamos, criar meios de nos diferenciar. Apontamos o indivíduo do outro lado como um "caído" ou como alguém cuja "pureza" não pode ser atestada. Por fim criamos uma aura de "nascimento", uns eram naturalmente melhores que outros.

Mudamos a face do mundo. E agora, no "topo" da nossa vitória, poderíamos aceitar nossa origem. Mas a coisa tribal, adquirida lá nos primeiros dias da nossa divisão, quando lutávamos por um pedaço de sombra, nos impele à divisão.
É difícil para nós entender que nossas divisões, manifestadas em instituições, são artificiais, ficções. Que nossas pátrias são apenas nomes, que um país pode deixar de existir assim como veio a ser.
E quando nem isso é suficiente, abraçamos nossas posições ideológicas com fervor religioso, e nossas opções religiosas com fervor ideológico, a ponto de achar que elas podem nos fazer mesmo diferentes, mesmo quando pregamos a igualdade.
Isso existe. Certamente nos ajudou no passado. Se um grupo com hábitos fixos se extinguisse, outros seguiriam adiante por causa de suas diferenças.
Mas chegamos num impasse. As ilusões não podem nos levar adiante. Na verdade têm causado muita confusão e sofrimento. As fronteiras caíram, o "mundo não é mais como era antigamente" quando enfrentávamos os imensos campos, florestas e oceanos desconhecidos.
Chegamos ao ponto em que só sobrevivemos amparados na realidade de que nossa única pátria é a humanidade.
O resto é mito.

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