Tristeza

A tristeza quando bate é como uma noite fria e escura

A gente ouve o vento soprando nas vielas

Vê o céu coberto de nuvens

Vê o medo nos próprios olhos refletido

Nas poças d’água sujas das mesmas escuras ruas

Mas não vê que a coisa vai acabar

Nem enxerga qualquer esperança no mundo

As coisas perdem por completo seu sabor

Deixando apenas um gosto amargo na boca

A tristeza quando bate não nos deixa espaço à razão

Não há nela isso de sabermos

Que toda noite se vai na esteira de um novo dia

Que a vela que se apagou

Pode de novo ser acendida

E aquela poça suja evapora

Abrindo de novo espaço à alegria

Porque a tristeza é isso

De fecharmos os olhos um pouco

Sem encontrar forças para abri-los

E, se tal for nossa condição,

Nem considerar que isso podemos.

E na dor que mergulhamos

Deixar de entender que esses olhos fechados

E esse mundo amargurado

Nos levam a estar por um tempo

Com os olhos voltados para

O local de verdadeira reflexão

Onde a gente se encontra

Com o amigo que há em nós mesmos...