As vozes na
selva ecoam ao meu redor, conduzindo-me mais perto de onde as garras assomam e
as asas negras cobrem a visão. As árvores são espinhosas, e um enxame de
mosquitos briga por um pouco do meu sangue. O verde se esconde no alto, e deixa
um raio ou outro vazar pelas copas. Ao redor das árvores dançam os sussurros
dos que me perseguem, daqueles que se escondem nas sombras à espera de um
vacilo, um local onde a maldade plante sua armadilha e a perfídia encontre a
oportunidade da emboscada. Eu quisera usar minhas mãos, socar a face hipócrita
dos meus inimigos, mas eles são fracos e covardes. Estou sozinho, sem chance de
defesa, pois o que de mim se fala é dito nos corredores, e nas sombras se
esconde o discurso daqueles que são piores que eu. A dor que me persegue é a dor
da injustiça, e a frustração de quem não pode defender-se e não quer
defender-se usando as armas vergonhosas dos que têm a alma maligna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário