terça-feira, 19 de abril de 2016

Emboscadas

As vozes na selva ecoam ao meu redor, conduzindo-me mais perto de onde as garras assomam e as asas negras cobrem a visão. As árvores são espinhosas, e um enxame de mosquitos briga por um pouco do meu sangue. O verde se esconde no alto, e deixa um raio ou outro vazar pelas copas. Ao redor das árvores dançam os sussurros dos que me perseguem, daqueles que se escondem nas sombras à espera de um vacilo, um local onde a maldade plante sua armadilha e a perfídia encontre a oportunidade da emboscada. Eu quisera usar minhas mãos, socar a face hipócrita dos meus inimigos, mas eles são fracos e covardes. Estou sozinho, sem chance de defesa, pois o que de mim se fala é dito nos corredores, e nas sombras se esconde o discurso daqueles que são piores que eu. A dor que me persegue é a dor da injustiça, e a frustração de quem não pode defender-se e não quer defender-se usando as armas vergonhosas dos que têm a alma maligna. 

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