terça-feira, 24 de setembro de 2013

O canto dos miseráveis felizes


A noite segue fria lá fora
Vem, me dá tua mão, vamos andar sem destino
Onde os ventos varrem os campos com sua melodia
Já não temos mais abrigo onde os homens não perdoam
Onde a gente se mata para ter um minuto de esperança

Deixamos todas as latas vazias de cerveja
Empilhadas – um edifício sobre a mesa...
E enquanto tentávamos dormir embriagados
Alguém nos chutava a canela apontando a porta
Aberta diante da estrada vazia...
De todos os sonhos que perdemos
De todas as vezes que deixamos de sentir

A fúria e a dor inquieta que nos faz resistir
Ao desejo tão insano de aceitar nossa escravidão
Como se os grilhões que nos abatem fossem nossa carta de remissão
Alforria assinada com o sangue de todos os nossos santos e mártires
Vem andar toda a noite, sentir o gosto sujo da nossa liberdade!

O nosso canto não pode ser contido
Pela mão rude dos que não sustentam
E ainda pela chuva recolheremos insolentes o nosso gemido...

Vem, vamos fecundar a vida
O zigoto que nos reanima
Pois ainda para a morte haveremos de gritar

Que a estrada, essa via é a nossa sorte
Para além da vida

Para além da morte!

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