quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma vez eu comi uma salada...

Um conto que fiz meio como resposta a uma postagem da minha irmã Eny que dizia "Álcool, porque nenhuma boa história começa com: Uma vez eu comi uma salada". Inventei umas coisas, como o "sadi" , uma brincadeira com "sadhu", um tipo de místico indiano, entre outras. Kali é a deusa indiana da morte e da sexualidade, tentei explorar isso. Algumas coisas e lugares são pura ficção. Eis aqui minha tentativa.


Uma vez eu comi uma salada


Uma vez eu comi uma salada, era uma salada estranha, exótica. O Sadi indiano que me serviu, uma camarada de cavanhaque e com olhar vidrado, muito comum nos subúrbios de Bombaim, disse que se tratava de de um raro vegetal que crescia ao pé do Himalaia. 


Não pude resistir, adoro comidas exóticas. Alguns procuram a Índia para aprender seus mistérios espirituais, outros buscam segredos ocultos em sua antiquíssima tradição filosófica, eu busco gastronomia, e quanto mais estranha melhor. Já comi rãs vivas no interior da África e participei de um desjejum com a tribo Aimala da Amazônia, nos EUA comi churrasco texano e paeja em Valência.


Mas confesso, esse prato indiano era o mais exótico até então. Às primeiras porções senti um gosto adocicado na boca, e um leve arder na garganta. Em alguns momentos eu parecia estar comendo alface, em outros algum tipo de fruto do mar. 


Eu estava nas ruas, corria com o vento e Kali me levava pelas mãos, subimos o monte Hidra e cavalgamos as Vimanas de Jastra. Kali dos olhos e pele negros, minha amiga e professora. Como vim a estar com ela, não sei. Nas suas mãos deixei minha alma. Kali, deusa e amante. 

Eu era, com Kali ao meu lado, um guerreiro voando nos céus com uma poderosa Vimana negra, alvejando meu oponentes com o raio da morte. Minha espada buscava a carne do antigos monstros e vampiros.

Arjuna, meu companheiro ria para mim. Arjuna, o amado de Khrishna. Eu estava com ele ouvindo do deus a sabedoria do Gita. Arjuna da flecha certeira e dos pés do vento.

O vento, a névoa. Não era Arjuna. Eu ainda estava no restaurante e meu garçom indiano sorria para mim, me perguntando se eu havia gostado.

Paguei minha conta e saí apressado. Devia ser alguma planta alucinógena, mas era tão real...

Foi quando eu a vi na rua, em roupas modernas, sorrindo e acenando para mim. Era ela, Kali, bela e radiante como num sonho...

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