sábado, 24 de março de 2012

Teia da Vida


 Hoje fiquei muito tempo olhando para uma teia de aranha... Era de manhã e havia orvalho sobre ela. Nada da tecelã, nem de presas se debatendo inutilmente.

Eu olhava para aqueles fios -mais fortes que um cabo de aço da mesma espessura- e era impossível não compará-los à própria vida. Naquele momento aquela mísera teia de aranha era a WEB OF LIFE, a sútil tecitura que abrange a tudo e a todos.

Cada fio era uma estrada infinita levando a alma do "agora" para uma infinita procissão de possibilidades, de "realidades"... Cada encontro era um evento - a vida é cheia de pequenas coincidências. Um cruzamento, uma encruzilhada em dois caminhos.

Porque essa vida é isso, um cruzar de caminhos sem fim. Ficamos um tempo nessas encruzilhadas, mas inevitavelmente chega a hora de partir. E sempre partimos como chegamos: SOZINHOS.

Vamos colhendo pessoas pelo caminho, e elas se fazem eternas em nossos corações, mas a frágil morada de carne, a armadilha e prisão que nos torna indivíduos, se desfaz - tudo o que é sólido se desmancha no ar - frase de Marx.

Então nos desprendemos e rumamos para o nosso destino, porque temos um DESTINO, não um que determina cada coisa que acontece conosco, mas um ponto para onde rumanos, inevitavelmente.

Mas mesmo essa solidão cósmica é uma ilusão, pois os fios, todos eles, mesmo que nãos e toquem, estão interligados - ninguém é uma ilha...

Ninguém deveria ter pressa em abandonar suas "encruzilhadas", elas são únicas na sua essência, pois a alma é como a palavra dita, só retornam seus efeitos...

O grande pecado de todos nós é ignorar isso, que todas as nossas experiências, embora nos engrandeçam ou não, são transitórias, como nós mesmos.

A nossa dor, a nossa profunda dor, é ignorar por opção.

Continuei olhando, e nem via mais a teia, apenas as gotas de orvalho descendo como grandes lágrimas da vida...

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