Hoje fiquei muito tempo olhando para uma teia de aranha... Era de manhã e havia orvalho sobre ela. Nada da tecelã, nem de presas se debatendo inutilmente.

Cada
fio era uma estrada infinita levando a alma do "agora" para uma
infinita procissão de possibilidades, de "realidades"... Cada encontro
era um evento - a vida é cheia de pequenas coincidências. Um cruzamento,
uma encruzilhada em dois caminhos.
Porque
essa vida é isso, um cruzar de caminhos sem fim. Ficamos um tempo
nessas encruzilhadas, mas inevitavelmente chega a hora de partir. E
sempre partimos como chegamos: SOZINHOS.
Vamos
colhendo pessoas pelo caminho, e elas se fazem eternas em nossos
corações, mas a frágil morada de carne, a armadilha e prisão que nos
torna indivíduos, se desfaz - tudo o que é sólido se desmancha no ar -
frase de Marx.
Então
nos desprendemos e rumamos para o nosso destino, porque temos um
DESTINO, não um que determina cada coisa que acontece conosco, mas um
ponto para onde rumanos, inevitavelmente.
Mas
mesmo essa solidão cósmica é uma ilusão, pois os fios, todos eles,
mesmo que nãos e toquem, estão interligados - ninguém é uma ilha...
Ninguém
deveria ter pressa em abandonar suas "encruzilhadas", elas são únicas
na sua essência, pois a alma é como a palavra dita, só retornam seus
efeitos...
O
grande pecado de todos nós é ignorar isso, que todas as nossas
experiências, embora nos engrandeçam ou não, são transitórias, como nós
mesmos.
A nossa dor, a nossa profunda dor, é ignorar por opção.
Continuei olhando, e nem via mais a teia, apenas as gotas de orvalho descendo como grandes lágrimas da vida...
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