A Jóia e Eu.
Juntando conchas à beira da praia...
Encontrei uma jóia de valor inestimável - amei-a no mesmo instante,
E guardei-a no fundo do coração...
E ela cresceu, cresceu comigo, cresceu em mim até que procurando por
mim nada encontrei que não fosse aquela pedra à beira da praia.
Quando você ama algo aquilo passa a ser parte de você, assim é que você é o que você ama.
As vezes fico à noite na beira daquela praia e vejo minha jóia
refletida no oceano, pulsando no brilho de um milhão de estrelas e
vibrando em cada batida do meu coração.
Minha jóia sou eu
refletido em outros olhos, navegando em outra mente e percorrendo em
ondas de calor e frio o cálido suspiro de um soldado chorando sozinho
numa cama de campanha.
Minha jóia sou eu nas preces da bela
monja perdida no mosteiro das saudades, na corça ansiosa pelas águas
descendo a Doce Cordilheira.
Porque termino onde ela começa e inexisto em cada nova nuance desvelada pelo toque ansioso do sol.
Mas as duas faces de uma mesma moeda nunca se encontram...e de vê-la em
mim e amá-la em tudo o que eu não podia tocar, minha vida arrefeceu...
E no limiar do limbo que nos leva à extinção completa, quando as
estrelas murcharam como erva arrancada, e as flores choraram em coro a
morte sempre inexata, encontrei-a.
Então tomei-a em meus
braços, embalei como se embala a criança nas noites insones, velei o seu
sono, e amei-a ainda mais, pois nela eu me completava, na minha jóia
explendorosa, que aos olhos dos que não foram iluminados por sua
natureza parecia a matéria bruta do granito inculto.
E plasmamo-nos num só objeto em cuja ausência a perplexidade brotava como o fogo fátuo da virgem combustível...
E deixamo-nos estar, em silêncio, como um só, sob as mesmas estrelas
daquela mesma praia oculta na bruma dos meus mais doces delírios...
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