
Porque as doces lembranças não passam
De um monumento perdido nas selvas esquecidas?
Não quis amar e o amor me domou
Com sua lança negra ele me tortura
Fere-me e pisa em mim.
Não há raio de sol nesse céu negro,
Não há consolo que cure essa paixão.
Há só a dor, cruel, implacável
E a sensação da ilusão perdida.
E a sedução irresistível da morte,
Esse vácuo sinistro que ronda os amantes
Não correspondidos.
Queria agora ser um passarinho
E voar para o céu sem fim
Adejar as águas turbulentas
E encontrar numa onda qualquer
Meu túmulo eterno.
Me pedem para continuar a vida
Como se fosse vida estar longe de quem se ama,
Peregrino entre rochas agudas
Não enxergo árvores ou fontes.
Meu caminho é negro
Como minha alma volúvel.
Busco tateando o escuro
Essa parte de mim que se vai.
perdi e estou perdido
E não sei se vou algum dia me reencontrar.
Sem você minha luz, que há de sentido
Ou esperança que valha a pena
O esforço de um dia depois do outro?
Eu fecho meus olhos e sinto
O sabor dos teus lábios
Teu cheiro me envolve e enleva
Mordisco a carne solitária
E sinto o frescor da tua pele
Suave em minhas mãos ansiosas.
Ouço tua voz falar-me baixinho
Do nosso eterno amor.
E abraço com gozo inaudito
Essa réstia de luz nos meus sonhos
Encapelados pela dor revulsa
Do remorço de ter
E não ter
O eterno desejo
Convulso!
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