sexta-feira, 1 de março de 2024

O Homem da Montanha


Havia um homem,
Magro, pálido e envelhecido
Vivia naquela montanha
Sozinho, fartava-se da vista
De ver outras pessoas
Como formigas em fila
Caminhando para o nada
Como ele uma vez estivera
Desistiu, agora observava
Mas logo perdeu-se daquilo
Na vastidão do horizonte
E na imensidão das estrelas
Viu, como as pessoas, seu
Ser apequenar-se e quase
Se não fosse pelo olhar
Fundir-se ao todo e ao nada
A montanha era um fragmento
De poeira perdida ao vento
E ele, onde estaria?
Quando estava no limiar
Do não mais voltar
Deteve-se e mirou uma vez
Mais a pequenez das pessoas
Em marcha para grandes realizações
Como segurar o vento ou
Contar as gotas d'água
E nesse momento perde-se
Ainda mais na sua confusão
De partilhar as duas substâncias
O homem não pode ser deus
A humanidade é ainda criança
Há um homem naquela montanha
As crianças o veem sentado num rochedo
Em meio às brumas de uma manhã fria
Os adultos dizem que é
Rocha de rochas, ilusão
E o dia caminha isento de sentido
Mas ele apenas observa

Nenhum comentário:

Postar um comentário