E seu eu pudesse, como as folhas no início do outono, flutuar abrigado nas correntes invisíveis do ar? Ali entre terra e céu a eternidade de uma folha se aninha nas dobras incertas da infinitesimal parte de um "estar".
A noite e o dia espremidos no leve farfalhar da folha, pluma verde, transportada pelo ar. Carências não haveria, pois somente o ar ao redor, folha sensível, ditaria cada querer e cada desejar.
A folha pairando no ar é a vida entre vagir e estertorar, é começo e despedida, tudo junto, como se o mínimo fosse a expressão do infinito e este como um nó numa corda que se lança entre o nada e o não-ser nas sombras do fim, se há.
Seria brisa forte ou ventania, mas o tempo, se havia, correria pelas encostas gramadas, como carneiro selvagem dando saltos sobre saltos e voltando-se para cima enquanto encaminha-se para baixo.
E no fim, que é sempre o começo, a folha, como um véu que se desprende das noivas que vivem entre as estrelas, pousaria em doce calma sobre o solo e a desintegração começaria sua arte inimitável de fazer com que o que foi seja parte desse incerto ciclo que se chama vida.
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