domingo, 18 de maio de 2014

A Noite

E ainda continuo...
Embora as luzes se apaguem e a noite
Engula tudo ao meu redor
O dia declinou e os rostos se tornaram
Indistintos
Há um quê de irracional nisto...

Das trevas olhos me observam
Como predadores que esperam
Meu momento vacilante
Na noite alta, o mais claro é apenas cinza
E dos esgotos abertos ouço o farfalhar abafado
Asas?
Do beco me alcançam estranhos ruídos
Como vozes guturais de antigos profetas
Ofegantes e com os dias gastos

O céu está vazio de estrelas e
Ainda ouço o agitar daquelas asas
Os profetas estão nas ruas
Andrajosos
A noite ganha formas e contornos
E ainda assim não entendo
O que são todos esses
Mistérios

O dia declinou
E os homens encontraram suas
Casas
Entre os antigos, na terra...

Os profetas estão quietos
E o próprio vento está calado
Nem asas nem olhos
Me observam
Na hora eterna que se instala
Vejo apenas trevas e ouço

Apenas silêncio...

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