quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Eu nunca tive muito jeito com as mulheres.

Isso aconteceu quando eu tinha 17 anos. Eu vinha subindo por uma rua não asfaltada, um poeirão tornava o ar amarelado. 

Um pouco adiante percebi uma moça tentando desajeitadamente recolocar a corrente que havia caído de sua bicicleta. Olhei e me perguntei se não havia passado pela cabeça dela deitar a bicicleta. Eu ia passar direto, mas algum senso de cavalheirismo latente falou mais alto que minha timidez. 

Ofereci ajuda e ela prontamente aceitou. Era muito bonita, reparei. Recoloquei a corrente e num momento nossos olhos se cruzaram. Olhos negros, cheios de vida. Ela agradeceu e subiu na bicicleta, mas à distância olhou algumas vezes para trás Nem me importei com as mãos sujas de graxa.

Dias depois eu estava numa festa junina com um copo de quentão numa das mãos. Uma moça sorriu para mim. Vestia uma saia preta e meia-arrastão. Era ela.

Não sei dizer o que passou pela minha cabeça, mas foi algo entre o espanto e o medo. Ela se aproximou e me disse "oi". Antes que eu respondesse ela começou a me beijar. Um beijo na face direita, outro na esquerda e no terceiro seus lábios quentes tocaram os meus...


Um sonho, me sentia flutuando e então... Ela saiu pulando e dizendo que se queimara.


Derrubei o quentão sobre ela. Nunca mais a vi.


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