sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Como aves se foram...

E se as aves decidem voar, elas voarão...
Ainda que gritemos de dor, de saudade, de angústia
Elas voarão porque não nos pertencem
Mesmo que a elas pertençamos.

O sol ofuscará nossos olhos
Olhos que buscam no céu aquilo que voou
Aquilo que deixou em nós o amargor da rejeição
Da vida enclausurada no solo ressecado

Então as sombras se assomam
E na escuridão que se faz em pleno meio-dia
Buscamos, tateamos, gritamos...

"Por que as coisas tem que ser assim?"
Mas elas são, sempre foram
Sempre serão...

Cada ave que voa é um pedaço que se foi
Um pedaço que não retorna mais
Pois o que foi, ainda que volte,
Não é o mesmo que nos deixou...

Porque todo dia nascemos, morremos e ressuscitamos
Do frio e úmido útero da vida
Queimamos como folhas secas
E da terra enegrecida surgimos

Com o primeiro olhar de todos os dias.

Como as aves que voam no horizonte
Sem destino, sem preocupações
Exceto voar e deixar na terra
O que o passo anterior trouxe
E o próximo passo perdeu
Em algum ponto irreconhecível
Do caminho...

E bateu asas...

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