domingo, 14 de abril de 2013

Quero...


Quero deixar de viver como se a vida não existisse
Curtindo tantas ausências quanto antigas crendices
Ir bem mais longe que a próxima esquina vazia
De sentidos, metas, amores e horrores...

Quero varar a madrugada lendo um bom livro
E quero deixar de temer que saibam o que penso
Sobre tantos temas que são joias em orifícios
Santos em belos nichos e dogmas em catecismos

Quero proclamar a inutilidade das coisas que construímos
Para a dor e tristeza dos que são menos que a maioria
Que nossas construções sociais não são mais que isso
Imagens que crianças fazem ao moldar o barro frio.

Eu quero ser humano e amar o milagre de ser isso
Num vasto cosmos em que humanos são raridade
Mas quero ser humano com o que isso tem de bom
Que é olhar ao redor como criança cheia de curiosidade

Eu quero sonhar enquanto sonho que estou vivo
E saltar sobre esse abismo de interesses e ilusões
Onde homens brincam de olhos vendados
Perigosamente caminhando entre a sombra e o abismo!

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