sábado, 18 de junho de 2011

A Iluminação


Subi a encosta rumo ao sol,
Por entre escarpas e rochas subi
Feridas estavam minhas mãos e meus pés
Sozinho nas penhas me açoitava o vento gelado
E eu como que tentando achar uma desculpa,
Fitava o sol com minha vista já turva
Dizia a mim mesmo que o meu sentido de ser era alcançar o astro rei.

Quem me entende?
Os que buscam as grandes alturas;
Os que buscam nas dores a cura.
Oh, traço estranho do esboço humano,
Procurar como um louco, morrer insano,
Sem saber o que se procura!

Quando cheguei ao cume dos montes,
Tão perto estavam as estrelas;
Na solidão da noite esperei que o dia chegasse e com ele o rei.
A luz baniu com serenidade as trevas, trazendo ao olhar o que era oculto.

Então minha vida mudou completamente,
Fiquei encantado com uma tal beleza,
Dessas mitológicas, que causam guerras e do mal, toda sorte.
Tentei como um louco fugir ao seu encanto, besteira, quem pode resistir-lhe?
As ondas furiosas no seio dos mares se dobram,
Caem poderosos, reinos vão abaixo, e por onde passa no mundo deixa ali o seu rastro

Até o sol pareceu apagado
Então sentido já não existia, e o que era dia tornou a ser noite.
Aquela coisa inebriante, alcançada e não possuída,
Cujo prazer está na busca e a tortura no fruí-la,
Sombra antiga da alma humana, desejada e desconhecida,
Apelo constante do ser e metáfora do utópico!

Voou lentamente, foi-se indo ao horizonte perdido,
E eu ali, tremulo e desorientado,
Depois daquele estranho e influxo orgasmo,
Sentindo aquele voar sem destino
Como um feixe dourado que, embora partindo,
Continua para sempre vindo. 

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